José Carlos Brandão
A Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos, instituição equivalente ao Supremo Tribunal Federal no Brasil, premiou a direita política norte-americana, liberando o uso de dinheiro sem limites nas campanhas eleitorais. Segundo o presidente Barack Obama, a decisão da Suprema Corte "proporcionou uma grande vitória às transnacionais do petróleo, aos bancos de Wall Street, às empresas de planos de saúde e a muitos outros grupos de interesses privados, que, todos os dias, mobilizam suas forças em Washington para calar a voz do povo norte-americano". Na avaliação de John Bonifaz, fundador do Instituto Nacional dos Direitos do Eleitor, a decisão transformará as grandes corporações econômico-financeiras nas proprietárias da democracia estadunidense. Na opinião de analistas políticos norte-americanos, não se trata apenas de um novo capítulo do conluio capitalista entre o dinheiro, a mídia e o poder, mas a redefinição da própria política Yankee pela conjunção de três fatores: o aumento vertiginoso de doações eleitorais feitas pelos ricos, a omissão da mídia e a cumplicidade do poder. Os excessos e abusos desse complexo eleitoral, que no Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador, Chile, Peru, Uruguai, Paraguai, enfim, pela quase totalidade dos países latino-americanos, é fiscalizado e coibido pela legislação eleitoral, cria, nos Estados Unidos, uma força imbatível, alheia a qualquer forma de regulação legal, obrigação cívica ou preservação da democracia. A tentativa de derrubar o sistema político fundado no princípio "uma pessoa, um voto", e não "um dolar, um voto", está presente em toda a história política dos EUA. "Nesse país, podemos ter democracia ou uma imensa riqueza concentrada nas mãos de uma ínfima minoria; democracia ou plutocracia, essas são as opções na sociedade norte-americana; as duas misturadas não é possível", avaliava Louis Brandeis, juiz da Suprema Corte, antes da 2ª guerra mundial, no século passado.
José Carlos Brandão
Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico
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